Basta uma pequena volta ao quarteirão para notar diferentes tipos e estilos de barba. Dificilmente se vê um homem sem uma. Há alguns anos atrás o barbeiro era uma profissão esquecida, e apenas as mulheres reuniam-se em cabeleireiros e salões de beleza, mas hoje a cada esquina há uma barbearia e a cada barbearia, inúmeros clientes. Sempre foi assim? Como foi o início desta profissão?

Talvez você se surpreenda ao saber que os primeiros barbeiros eram os principais homens de sua tribo (sim, tribo… A profissão é REALMENTE antiga). Eles eram os médicos e os sacerdotes da época. Os homens primitivos eram muito supersticiosos e as tribos acreditavam que tanto os espíritos maus, quanto os bons entravam no corpo através do cabelo, habitando cada indivíduo. Os espíritos maus seriam removidos apenas se os cabelos fossem cortados, e por essa razão, vários tipos de corte de cabelo eram praticados pelas tribos, isso fez do barbeiro o homem mais importante na comunidade.

 

 

Aliás, nessa época tribal, o barbeiro arranjava casamentos e batizava todas as crianças. Eles eram a principal figura nas cerimônias religiosas. Durante estas cerimônias, o cabelo ficava solto para que o espírito mau pudesse sair. Após a dança, o cabelo longo era cortado pelo barbeiro de acordo com a moda daquela tribo e amarrado para trás bem forte, para que os espíritos maus não pudessem entrar e os espíritos bons não pudessem sair.

Essa regra era comum na Ásia antiga. De fato, onde quer que houvessem lendas e superstições sobre cabelo, o barbeiro aparece. Até hoje em dia na Índia, eles veneram o cabelo e aqueles que o cortam são figuras importantes.

No Egito, muitos séculos antes de Cristo, os barbeiros eram prósperos e muito respeitados. Os monumentos antigos e papiros mostram que os egípcios raspavam suas barbas e cabeças.

Na Grécia, os homens sábios de Atenas disputavam no cuidado de suas barbas, assim o barbeiro se tornou um líder na comunidade e fazer a barba se tornou uma arte. Poetas, políticos e filósofos iam às barbearias para fazer suas barbas e cortas o cabelo, mas também para discussões sobre as notícias. As barbearias tornaram-se sedes de notícias sociais, políticas e esportivas.

 

 

 

Nenhum povo foi melhor patrono dos barbeiros do que os romanos. Eles dedicavam muitas horas por cada dia para fazer a barba, cortar e arrumar o cabelo, receber massagem, fazer as unhas e aplicar de óleos e outros cosméticos. Os barbeiros eram tão prezados que uma estátua foi erguida em memória do primeiro barbeiro de Roma.

A organização mais antiga dos barbeiros foi formada em 1096 na França quando William, o arcebispo de Rouen proibiu o uso de barbas. Começaram a surgir então o barbeiro-cirurgião e o barbeiro-dentista em toda a Europa. Eles eram os médicos da época, e tanto a realeza quanto pessoas comuns vinham às barbearias para tratar suas doenças, barbear-se e cortar o cabelo. Alíás, por muitos séculos os barbeiros tiveram o direito de praticar cirurgia e odontologia.

Em 1416 eles ainda não haviam sido impedidos de praticar cirurgia e odontologia, porém, ficou evidente que eles estavam tentando demais. Era impossível esperar que meros humanos pudessem competentemente praticar cirurgia, odontologia e várias outras operações relacionadas à estética. As pessoas começaram a reclamar que os barbeiros-cirurgiões estavam os deixando doentes e não bem. Mas apesar disso, eles continuaram sendo os únicos a praticar cirurgia até 1461.

Com as novas descobertas no ramo cirúrgico foi impossível que os barbeiros acompanhassem as novas descobertas e suas habilidades odontológicas e com barbearia. Então, os cirurgiões começaram a aparecer.

Não demorou muito para que os barbeiros fossem proibidos de praticar a medicina, cirurgia e odontologia, e tornarem-se meros servidores, sujeitos aos caprichos da moda. Durante o século 18 e 19 , a peruca virou moda e os barbeiros tornaram-se fabricantes de peruca, a profissão havia perdido a dignidade que outrora.

Na Inglaterra, nos Estados Unidos e por todo o mundo, uma barbearia se tornou um lugar onde os homens mostravam seus instintos e as mulheres não ousavam entrar.

Em 1920, alguns anos após a primeira escola de barbearia ser estabelecida, o barbeiro se tornou um profissional novamente. E hoje, dificilmente se encontra um homem que não frequente uma barbearia, o espaço de cada homem se encontrar e se cuidar, o nosso espaço.

 

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