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O cenário artístico na primeira metade do século XX era absolutamente Modernista, designado por suas vanguardas e conceitos de arte pura (“arte pela arte”). Especialmente, nas décadas de 40 e 50, o Expressionismo e o Abstracionismo viviam seu auge, destacando nomes nas artes em geral, como Ben Nicholson, Barbara Hepworth, Oskar Schlemmer, Piet Mondrian e Wassily Kandinsky, e foi nesse contexto que uma nova forma artística surgiu.

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O Modernismo quebrou padrões, principalmente construtivistas e estéticos, abrindo a mente de toda uma sociedade para novos conceitos e sensações. O século, então, já havia sido marcado pela ousadia de seus artistas, assim, na década de 50, mais uma expressão tão diferente, tão atraente, como diria Richard Hamilton, tomou frente à cena artística, a Pop Art. Seu termo dado por Lawrence Alloway, crítico pertencente ao Independent Group responsável por muitos fundamentos teóricos da Popular Art, é tão transparente e marcante quanto sua arte em si. O período pós-Guerra na Europa provocou uma outra necessidade artística, abandonando a experiência lenta e meditativa de Rothko e partindo para algo mais real, acessível e instantâneo.

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A chamada Indústria Cultural (Kulturindustrie em alemão) de Adorno e Horkheimer (filósofos e sociólogos alemães da Escola de Frankfurt que lançaram o termo na publicação Dialética do Esclarecimento no capítulo O iluminismo como mistificação das massas em 1947) guiou todo o conceito e prática dos trabalhos Pop, proclamando o capitalismo a ordem social, o qual consiste em moldar, consequentemente, a produção artística em prol dos padrões comerciais, atingindo o maior número possível de pessoas, produzindo mais, gastando menos.

A cultura das massas foi, assim, proclamada, não com a intenção de promover conhecimento, que, por sinal, não era algo bem-vindo em uma época de dificuldades políticas, pois esse levanta questionamentos e reivindicações por respostas, mas a disseminação de uma nova cultura consumista e alienada, chegando, basicamente, a ser o que chamamos de “American way of life“.

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O movimento Pop teve como precursor o Independent Group (IG), fundado em Londres em 1952, que ganhou maior destaque com a apresentação da obra, a colagem “Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing?“, por um de seus participantes, Richard Hamilton, na exibição “This is Tomorrow” na Whitechapel Gallery em Londres em 1956.

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Paralelo a isso, os Estados Unidos também produziam a Arte Pop, que ao contrário da inglesa, desenvolveu-se isoladamente, sem um grupo específico, até 1963, mais tarde imortalizada por seu maior artista, Andy Warhol.

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A produção da Pop Art foi marcada pela comunicação, comunicação da arte, da cultura, da cena atual para com a sociedade, os consumidores. A mensagem transmitida pelas obras eram imediatamente absorvidas pelo público, sendo essas, basicamente, a mesma coisa (repetitividade, não só da mensagem, mas, como veremos adiante, das inspirações, dos ícones, das cores e das imagens): “Idolatre!”, “Compre!”, “Ame!”. Com o conceito de propagar essas mensagens para o maior número possível de pessoas, em um curto tempo, por um preço baixo, diferentes técnicas e materiais foram incorporados à construção das obras, como por exemplo o uso de goma espuma, poliéster, látex, tinta acrílica e serigrafia, uma das técnicas mais características do período.

A serigrafia – serigraph em inglês, sendo do grego sericos (seda) e graphos (escrita) – é um processo de impressão no qual a tinta é vazada através de uma tela preparada, no qual a gravação se dá pelo processo de fotosensibilidade; essa técnica ficou muito conhecida através de Warhol, que a utilizava além, somente, por motivos de simplicidade, mas também a associava aos ícones populares retratados em suas obras, entre eles: Liz Taylor, Mao Tsé Tung, Marlon Brando, Elvis Presley, Che Guevara e, sua favorita e memorável, Marilyn Monroe, que são personalidades públicas e louvadas como deuses midiáticos, mas nem por isso deixam de ser figuras comuns e vazias (“vazadas”), reproduzindo estes retratos em uma produção mecânica ao invés de artesanal, acentuando o caráter impessoal da Pop Art como arte para a massa de consumo.

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Nas paredes, nas revistas, nas garrafas de refrigerante, nas latas de sopa, nas almofadas decorativas, nas T-shirts dos jovens, em tudo estava a cultura Pop. Algo tão incutido na mente das pessoas, seja pela repetitividade, pela estética ou pela habitualidade, a Pop Art fixou-se na segunda metade do século XX como uma forma despretensiosa (mas, na verdade, ironicamente manipuladora) de expressão atingível para qualquer um, com uma face atraente, divertida, jovem e cool. Cada vez mais a intenção de ser veemente popular acabou dando uma outra característica à Art, kitsch. Esse termo provido do alemão refere-se ao exagero que torna mau gosto, popularmente dito como “brega”, referindo-se à Pop Art, a palavra imputa o valor relativo das novas obras, caracterizadas pela superficialidade e acessibilidade, tornando-as não uma expressão artística autônoma humana, mas uma adaptação artística à cultura da atualidade, o capitalismo, deixando de lado a verdadeira essência do conceito Arte.

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O furor causado por esse novo movimento artístico da década de 50 foi real, foi mais do que real, foi epidêmico. Seja agradável ou kitsch, arte ou pseudo-arte, os rumores e ideias causadas pela Pop Art foram intensos, deixando suas marcas até os dias de hoje, imortalizando seus ícones Pop, de Warhol à Campbell, de Blake à Beatles.

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Acaba de ser inaugurada a mais nova exposição do MAB Faap, com uma histórica reunião de fotografias de Erwin Blumenfeld.

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“Blumenfeld Studio: New York 1941 – 1960” joga luz sobre um dos fotógrafos mais influentes do século XX, Erwin Blumenfeld (1897 – 1969), e os trabalhos mais relevantes de sua carreira. Autor de extensa produção em 35 anos de trabalho, Blumenfeld ganhou a atenção mundial no pós II Guerra nos EUA, em um contexto de crescimento econômico e de dinamismo da imprensa.

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Organizada pelo Museu Nicéphore Niépce, localizado na França, por seu diretor François Cheval, e com curadoria de Nadia Blumenfeld, neta do artista, e cocuradoria de Danniel Rangel, a presente exposição celebra a produção realizada em seu estúdio no Central Park e reúne obras do pós-guerra (fotografia de moda, campanhas publicitárias, retratos de personalidades, cartazes de propaganda e trabalhos experimentais reconhecidos pelos avanços técnicos para a época). A mostra apresenta ainda mais de noventa impressões, totalmente restauradas em cores, recortes de publicações originais e filmes de moda raramente vistos, datados do início dos anos 1960.

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A exposição já foi apresentada na França, Alemanha, Inglaterra, Itália e China e agora a produtora Mega Cultural traz ao Museu de Arte Brasileira (MAB) da FAAP, com patrocínio da Dafiti.

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A visita à “Blumenfeld Studio”, sem dúvidas, é um programa que deve ser feito por estudiosos e apreciadores de fotografia e moda. No entanto, a exposição nos oferece mais do que imagens e história da moda, temos uma inserção na sociedade de décadas passadas, tornando possível lembranças, interesses e dúvidas, e, principalmente, aprendizado.

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Blumenfeld Studio: New York 1941 – 1960
MAB Faap > Rua Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
(11) 3662 7198
De 29 de outubro de 2014 a 18 de janeiro de 2015
De terça a sexta-feira, das 10h às 20h. Aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.

Londres possui um dos museus mais interessantes na área de ciências e tecnologias.

O Science Museum é reconhecido internacionalmente por possuir objetos originais que marcaram a transição tecnológica em diversos séculos — o que inclui locomotivas da revolução industrial e motores à vapor que datam do século XVII, além de computadores, itens de cinema e muito mais.

E foi de lá que a Rainha Elizabeth II – a “Rainha da Inglaterra” – enviou um tweet pela primeira vez.

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É um prazer abrir a exibição da Era da Informação no Museu da Ciência. Eu espero que as pessoas aproveitem a visita.” – mensagem da Rainha aos seus followers da rede social.

O pequeno texto foi enviado por meio da conta oficial da monarquia britânica, na qual alguns segundos depois foi postado outro tweet, explicando que aquele era mesmo o primeiro da Rainha. Algumas pessoas dizem que duvidam que ela tenha realizado a postagem pessoalmente por não terem visto a monarca com um iPhone naquele momento, mas um porta-voz britânico sustentou a versão original.

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Esta confusão começou porque a Rainha foi vista digitando em um iPad, mas as informações do tweet dão conta de que ele foi enviado por um iPhone. Independente disso, é interessante saber que a própria Rainha Elizabeth II inaugurou uma das exposições mais esperadas da atualidade. Na seção de “Era da Informação” estarão computadores, rádios e diversos outros objetos. Mais detalhes da exposição podem ser vistos no site oficial do museu.

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#TheQueenTweets

* Crédito: Science Museum

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (1)WALTHER MOREIRA SALLES E OS QUATRO FILHOS, EM FOTO DE 1992: WALTER JR., JOÃO E FERNANDO (EM PÉ) E PEDRO

Numa reunião realizada no fim de 2011 na fazenda dos Moreira Salles, em Matão, no interior paulista, os irmãos Fernando, Pedro, Walter Jr. e João Moreira Salles formaram um júri composto por especialistas franceses e americanos para tratar da mais nova e ambiciosa empreitada cultural da família: a construção de um museu em São Paulo. Durante alguns dias, cinco projetos de grandes escritórios de arquitetura do país foram avaliados à exaustão. Levou a melhor o Andrade Morettin Arquitetos. O museu também será a nova sede do Instituto Moreira Salles (IMS). Quando for concluído, reforçará a alcunha da família de os maiores mecenas do Brasil na atualidade. Se você não sabia disso, não se culpe. A mineirice do pai, assim como o prazer de apoiar projetos culturais, se reflete no comportamento dos herdeiros onde quer que atuem. Eles fazem tudo – e não é pouco – longe dos holofotes.

Num resumo do legado cultural que vem sendo construído, além das três unidades do Instituto Moreira Salles, que recebem exposições durante todo o ano, os herdeiros de Walther Moreira Salles administram um acervo de fotografia de mais de 850 mil imagens, além de 80 mil fonogramas. Editam a revista de ensaio Serrote, a piauí e a de fotografia contemporânea Zum, além de financiar a Rádio Batuta, que serve para dar vazão ao acervo musical do instituto. Também foram doadores importantes para museus do país. Para o Museu de Arte de São Paulo, o MASP, a família doou quadros de artistas consagrados como Pierre-Auguste Renoir, Rafael, Picasso e Van Gogh. “O fundamental é que eles têm um trabalho cultural no Brasil não realizado pela elite brasileira. Tudo o que eles fazem é com excelência. Vamos fazer uma revista de jornalismo literário? É a melhor que tem. Uma de ensaios? Idem. O que eles fazem no instituto ninguém mais faz no Brasil. Só Bernardo Paz, do Inhotim, e eles. Os Moreira Salles têm um trabalho de mecenato. “São os grandes caras da cultura”, afirma a jornalista Antonia Pellegrino, amiga de João e Waltinho e bem relacionada na sociedade carioca, ao destacar a importância do trabalho da família, uma das mais ricas do país, entre uma elite na qual nada se dá sem créditos.

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (2)NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS DE SUA VIDA, WALTHER MOREIRA SALLES DEDICOU-SE AO INSTITUTO CULTURAL QUE LEVA O NOME DA FAMÍLIA

No início do ano, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, atacou a alta sociedade paulistana em uma entrevista à BBC Brasil. Entre as críticas, disse que hoje não temos uma elite que financia a cultura como a que levantou o MASP no passado. “Nós não temos em São Paulo um (Michael) Bloomberg (magnata e ex-prefeito de Nova York), que botou do bolso US$ 650 milhões em Nova York. Aqui não há um empresário com esse desprendimento”, disparou. O petista não está totalmente equivocado. Faltam mais empresários que invistam em sua própria cidade, como faziam em décadas passadas. Mas até mesmo países desenvolvidos e com tradição de filantropia e mecenato, como os Estados Unidos, têm assistido ao volume de doações cair nos últimos anos (leia mais no fim da reportagem).

No Brasil de hoje o mecenato ocorre pontualmente – e muitas vezes em nome de um retorno puramente midiático ou de dedução fiscal. Mas Haddad não deveria generalizar. Os Moreira Salles, frequentemente listados pela edição comemorativa da Forbes como uma das famílias mais ricas do país, investem muito em arte. As atividades do IMS são realizadas sem lei de incentivo, financiadas por um endowment, fundo pessoal criado com investimentos do Unibanco e da família. Ele se autossustenta através dos juros. É estimado em R$ 800 milhões – e nada se mexe do capital fixo. “Nos primeiros anos tivemos lei de incentivo, mas ela nunca foi superior a 19% do orçamento. E nada desse recurso foi aplicado para despesas do museu. Apenas em situações pontuais. Desde 2007 não usamos um centavo de lei de incentivo”, afirma Flavio Pinheiro, superintendente executivo do Instituto Moreira Salles.

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (3)A ANTIGA RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA NO RIO É ATUALMENTE UMA DAS SEDES DO IMS – E SEM DÚVIDA A MAIS CHARMOSA

Para viabilizar o museu em São Paulo, os quatro irmãos fizeram um aporte de R$ 200 milhões em julho do ano passado. Localizado em um dos cartões-postais da cidade, a Avenida Paulista, entre as ruas Bela Cintra e Consolação, o museu terá sete andares, sendo três de áreas expositivas. O edifício contará ainda com cinemas, auditório para seminários e biblioteca de fotografias. A inauguração está prevista para 2017.

Walther Moreira Salles nasceu em 1912, em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais. Ainda criança, foi morar com a família em Poços de Caldas, também em Minas. Lá, o patriarca João Moreira Salles deu início ao que hoje é uma das maiores fortunas do país. Começou com um armazém que, aos poucos, passou a funcionar também como uma casa bancária que negociava títulos de cafeeiros locais. Foi nessa área que, aos 18 anos, Walther começou a trabalhar. Dividia o tempo com os estudos. Ele foi o único filho da prole de cinco (outros dois morreram ainda bem jovens) que teve a oportunidade de cursar o ensino superior – se formou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1936. Por isso sempre deu muito valor ao conhecimento e instituiu a importância da educação para os seus filhos.

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (4)ORÇADO EM R$ 200 MILHÕES, O MUSEU EM SÃO PAULO ESTÁ SENDO CONSTRUÍDO SÓ COM RECURSOS DA FAMÍLIA. DEVE SER ABERTO EM 2017

Antes de se tornar um dos maiores banqueiros do país no comando do Unibanco, Walther passou pelo Banco do Brasil, Ministério da Fazenda e foi embaixador em Washington. Era conhecido por sua educação e elegância (raras vezes desabotoava o paletó, mesmo em casa). Serviu a quatro ex-presidentes: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. Com o primeiro, a relação de amizade começou ainda nos tempos em que vivia em Poços de Caldas, onde também conheceu Ary Barroso e Assis Chateaubriand. Já no mandato de Juscelino, foi ele quem – chamado às pressas – articulou as pazes com o Fundo Monetário Internacional, o FMI, quando o próprio JK, arrependido, acabara de anunciar o rompimento com o fundo num momento de ufanismo. Nesse período, tornou-se um colecionador de boas relações. Além do contato próximo com os presidentes, foi amigo e sócio de Nelson Rockfeller em suas investidas no país e hospedou personalidades mundialmente conhecidas, como Mick Jagger, Keith Richards, Henry Ford II e Christina Onassis. Os filhos também se acostumaram com as visitas frequentes de músicos e intelectuais brasileiros, como Tom Jobim e João Saldanha. Em uma de suas raras entrevistas sobre a família, Pedro Moreira Salles, hoje presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco, disse que os pais conviviam muito bem com essa diversidade. “Formaram um casal com grande capacidade de circular num mundo que não era o deles na origem”.

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (5)A CASA DA FAMÍLIA NA CIDADE MINEIRA DE POÇOS DE CALDAS ABRIGOU A PRIMEIRA SEDE DO IMS

O jornalista Luis Nassif, que tem um vasto acervo sobre a vida de Walther, conta que um dos sonhos do banqueiro era deixar como legado centros de estudos de Direito e de difusão de artes. “Jamais a economia. Não gostava de economistas”, diz Nassif. Começou a realizar o desejo efetivamente em 1992, aos 70 anos, quando deixou a presidência do Conselho de Administração do Unibanco e anunciou a criação do Instituto Moreira Salles. A primeira unidade do IMS foi instalada em Poços de Caldas, na casa onde Walther foi criado. Depois, em 1996, o instituto passou a contar com uma unidade em São Paulo, num casarão localizado no bairro de Higienópolis, na região central da cidade. Nenhuma delas, no entanto, se compara à atual sede, que fica no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. A inauguração da unidade, em 1999, coincide com o ganho de projeção do IMS. O casarão foi uma obra do arquiteto Olavo Redig de Campos e o paisagismo foi feito por Burle Marx. Lá, Walther e Elisa Margarida Gonçalves criaram os três filhos que tiveram juntos, Pedro, Waltinho (como é chamado pelos íntimos) e João, o caçula. Fernando é fruto do primeiro casamento, com Hélène Marie Blanche Tourtois, filha de um alto executivo da Coty, criador do famoso Chanel n0 5. O IMS e as salas de cinema do Espaço Unibanco, hoje Espaço Itaú de Cinema, foram a principal atividade de Walther até 2001, ano de sua morte. “O Walther passou aos quatro filhos a ideia da necessidade de constituir um legado. Isso está muito no metabolismo deles hoje e acontece naturalmente. Mas a missão do pai é uma questão que sempre pesou e ainda pesa”, conta Flavio Pinheiro, do IMS.

Amigos próximos à família disseram à reportagem que o patriarca nunca impôs qualquer vontade aos filhos com relação às escolhas profissionais. Só era severo com a educação, o conhecimento e o comportamento. Sua admiração pela arte, porém, influenciou diretamente todos eles, principalmente Waltinho e João, ambos muito ligados ao cinema. Waltinho era cinéfilo desde garoto – quando morou na França, dos 10 aos 12 anos, foi advertido pelos professores de uma escola conservadora por assistir a filmes inapropriados, como os de Godard. “Ele tem um gosto apurado e moderno, sendo um cinéfilo como eu”, diz o cineasta Cacá Diegues. Já João chegou a se formar em economia pela PUC, mas se tornou um documentarista quase que por acaso. Unidos pelo cinema e pela dupla inseparável do figurino jeans e camiseta, Waltinho e João fundaram no fim dos anos 80 a VideoFilmes. Na produtora despontaram nomes como Karim Aïnouz, Daniela Thomas e Eduardo Coutinho. Já produziram mais de 30 filmes e documentários. Na obra de João constam documentários importantíssimos que retratam a sociedade brasileira, como Notícias de uma Guerra Particular (1999), sobre a relação da polícia com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, e Entreatos (2004), que cobriu a campanha vitoriosa do ex-presidente Lula em 2002. Waltinho, para citar apenas alguns de seus sucessos, dirigiu Central do Brasil (1998), que concorreu ao Oscar, Linha de Passe (2008), On the Road (2012) e Diários de Motocicleta (2004).

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O cineasta Andrucha Waddington, que diz ser filho da VideoFilmes, compara os dois tipos de humor entre os cineastas. “O João é mais ácido, o Walter é mais divertido, os dois têm um humor muito delicioso. E são botafoguenses doentes. O João às vezes fica de costas para o campo de tão nervoso”, conta. Foi o que aconteceu na final do Campeonato Brasileiro de 1995, quando o alvinegro carioca levou a taça pela última vez. “A grande qualidade da família é ser muito discreta e generosa. Eles devolvem toda essa cultura a que tiveram acesso”, comenta Waddington. Fernanda Torres, que teve a vida duplamente mudada pelos irmãos Salles – na primeira vez como atriz, no cinema, com Waltinho em Terra Estrangeira (1996), e depois, quando se descobriu escritora, com a revista piauí, na qual participou do Conselho Editorial –, rasga elogios. E faz uma brincadeira com a canção de Tom Jobim. “Se todos fossem iguais a vocês… Se a elite brasileira contasse com gente tão bem informada e educada…”

Fernando e Pedro atuam de maneiras distintas na área cultural. O primeiro é sócio da editora Companhia das Letras. Já Pedro é presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco, fusão realizada em 2008 que criou o maior banco da América Latina. Todos, no entanto, têm forte ligação com a arte. “O Fernando e o Pedro apoiam, João e Waltinho efetivamente fazem”, diz uma amiga próxima. Fernando, o mais velho, de 67 anos, gosta de literatura e de escrever poesias. É casado com a renomada designer de móveis Claudia Moreira Salles. Pedro, de 54 anos, é visto como o mais pragmático dos quatro. Além de afinado com arquitetura e com a postura elegante de embaixador herdada do pai, gosta de arte e possui sua própria (e vasta) coleção. Tem amigos banqueiros com o mesmo interesse, como José Olympio Pereira, do Credit Suisse. É aficionado por música erudita e integra o Conselho da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp.

familia-moreira-salles-os-mecenas-do-brasil-arte-cultura-biografia-historia-luxo-sofisticaçao-qualidade-empreendimento-modernidade-sao-paulo-alexandre-taleb (7)WALTHER MOREIRA SALLES AOS 15 ANOS (NO FUNDO), JUNTO COM OS IRMÃOS; O PATRIARCA AO LADO DE ELISA MARGARIDA GONÇALVES, SUA SEGUNDA ESPOSA, E DOS FILHOS PEDRO, JOÃO E WALTER JR.; WALTHER E LUCIA CURLA, SUA ÚLTIMA COMPANHEIRA; QUADROS DE BELLINI, RENOIR E PICASSO DOADOS PELA FAMÍLIA AO MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO

A prática do mecenato teve papel fundamental no Renascimento, quando banqueiros como Lourenço de Médici financiaram Leonardo da Vinci e Michelangelo, entre outros, para que eles apenas produzissem seus trabalhos. Mas só no fim do século 19, com o surgimento de grandes fortunas nos Estados Unidos, que o mecenato foi elevado a outro patamar. A partir de doações milionárias foram criadas instituições tradicionais como os museus Metropolitan, MoMA e de História Natural, em Nova York, além de bibliotecas e universidades. Destacaram-se empresários como John D. Rockfeller, Andrew Carnegie, J.P. Morgan e Henry Ford. O primeiro, aliás, é considerado um dos maiores mecenas da história. Em seus 97 anos de vida, contabilizou doações de US$ 8,8 bilhões, em valores atuais.

Como a maioria dos mecenas, os Moreira Salles atuam com discrição. Não falam sobre os investimentos em cultura ou outra área. “Nenhum deles gosta de ostentar, detestam ser referidos pelo dinheiro”, diz uma pessoa próxima, que, conhecendo os quatro irmãos, preferiu não se identificar. Elegância e discrição, eis o estilo Moreira Salles. A cultura brasileira só tem a agradecer.

Buscam-se novos patronos

Há pouco mais de um ano, o bilionário Leonard Lauder, dono da gigante de cosméticos Estée Lauder, ganhou os noticiários após a doação de seu acervo de obras cubistas para o Metropolitan, em Nova York. Avaliada em US$ 1,1 bilhão, a coleção conta com 33 obras de Pablo Picasso, 17 de Braque, 14 de Gris e 14 de Léger. Sem dúvida uma das maiores do gênero. Na ocasião, Thomas P. Campbell, diretor do museu, disse que a doação coloca o Metropolitan, de uma só vez, na vanguarda da arte do início do século 21. “Algo que todo diretor de museu sonha”, disse.

A doação de Lauder, no entanto, não é mais uma prática tão frequente no país como já foi no início do século passado. Grandes instituições como o próprio Metropolitan, MoMA e Guggenheim têm ampliado os esforços para conquistar jovens ricos. Nos últimos 40 anos, o volume de doações permaneceu estável nos Estados Unidos. Mas, com o envelhecimento da geração baby boomer, instituições dependentes de filantropia começam a repensar seus modelos para atrair os mais jovens.

E mais do que convencê-los da importância de financiar a cultura, os gestores de museus estão tendo que demonstrar a efetividade de suas administrações. Diferentemente dos pais e avós, a atual geração busca mais informações sobre o destino das doações e mensuram o retorno que vão obter ao apoiar uma instituição. “Os doadores tradicionais estão morrendo ou passando a responsabilidade para filhos e netos. É um assunto que muitos museus têm debatido”, afirmou Ford W. Bell, diretor da Associação Americana de Museus em entrevista recente ao jornal The New York Times.

* Crédito: Pedro Henrique França

Em 1989, o documentário “A Identidade de Nós Mesmos”, dirigido pelo conceituado diretor alemão Wim Wenders – presidente da Academia de Cinema Europeu, em Berlim, desde 1996 – foi lançado a partir de uma encomenda da Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, que requisitava um filme sobre moda.

Netebook on Cities and Clothes (1989)

O diretor admite-se perdido em relação ao tema a ser abordado, encontrando no questionamento filosófico respostas subjetivas sobre o ato de ser, mais do que isso, ser único. O estilo de produção de Wim é reflexivo e, ocasionalmente, abstrato. A narração que temos no prefácio do filme levanta “a identidade” como algo visceral que, mais tarde concluímos, ser o único exemplar, o documento original, ou seja, não há cópia alguma do que foi produzido em um conceito, uma natureza e uma identidade própria (autoral).

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A moda vai tornando-se compreensível para o diretor na medida em que é comparada ao cinema como um “caderno de anotações sobre o que existe e merece existir”. Os dois mundos para Wendersmovem-se constantemente divididos entre aparência e realidade”. Assim a relevância deste tema é a mesma de qualquer outro já produzido ou imaginado por ele, pois trata-se, simplesmente, de comportamento humano; um reflexo social de significância primordial para se ter arte.

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Neste momento temos o encontro de Wim Wenders e Yohji Yamamoto. O encontro é real, passando por algumas visitas do diretor a Tóquio, mas, em especial, conceitualmente falando. Wim constata factualmente o trabalho de Yohji como arte, estando seu produto (roupa/marca) inerente à poesia artística com simplicidade e contemporaneidade.

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O conceito à frente da prerrogativa atual da sociedade é uma característica gritante no trabalho de Yamamoto. Percebemos que isto é um produto reflexivo, principalmente, do passado – “Eu vivo o presente arrastando o passado. (…) Não confio no futuro”, diz o estilista.

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O documentário caminha aos passos da produção da nova coleção que seria lançada pela marca naquela temporada. Participamos do processo de pesquisa, criação, confecção, prova e apresentação das peças de forma calma e argumentativa. Conhecemos preciosidades como os livros antigos de fotografia de Yohji, símbolos puros de inspiração, que retratam pessoas de diversos lugares do mundo, despertando a observação atenta, a contemplação e a curiosidade. O estilista japonês conta como a gola do casaco que Jean-Paul Sartre usava em uma fotografia feita por Henri Cartier-Bresson o inquietou e foi incorporada às últimas peças. Outro exemplo é o retrato de um homem em traje simplório de alfaiataria, com um olhar penetrante e mãos nos bolsos, realizado pelo fotógrafo August Sander no início do século XX, que, de acordo com Wenders, é, sem dúvidas, a imagem favorita de Yohji.

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O estilista ainda discute sobre a identidade de suas cidades favoritas do mundo, Paris e Tóquio, caracterizando as mulheres de cada um em relação a fatores histórico-culturais, rotina, necessidades etc. Suas criações levam em conta a singularidade destes fatores, admitindo não conseguir generalizar o público de sua marca, que só são colocados em intersecção quando se trata da essência, ou seja, a reflexão e a experiência.

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Sob o preceito de que a simplicidade é o segredo da beleza durável, a estética da marca Yohji Yamamoto é minimalista. O toque (textura) e as formas estão como ponto de partida para toda criação, preservando a sensação acolhedora e as linhas assimétricas. “Assimetria é sinônimo de beleza para mim”, aponta o estilista. Sobre cores, Yohji destaca a quase totalidade do preto em sua coleção, como forma de deixar de prestar atenção ao externo (cor) e dar profunda importância à essência (formas).

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Wenders diz, concluindo o filme, ter guardado “o melhor para o final”. Sua cena favorita, capturada durante todo o tempo que passou com Yohji e sua equipe, foi um singelo momento de trabalho em conjunto, a qual mostra vários jovens e velhos funcionários da marca ao lado do designer, discutindo, aprendendo e produzindo em igualdade. É um momento de compartilhamento, humildade e simplicidade, representando um paradoxo ao mundo da moda, caracterizado pelo individualismo, egocentrismo e competição.

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Finalizamos “A Identidade de Nós Mesmos” com um legado de respeito, generosidade e conscientização da particularidade de cada um ao nosso redor e, de forma mais geral, do mundo e o que nele está inserido. Yohji Yamamoto coloca como verdade absoluta a integridade humana, sendo nós responsáveis por cada um de nossos atos. E Wim Wenders deixa seu caráter filosófico como uma recorrência ao espectador, apresentando e documentando incrivelmente o que vale a pena ser na moda, no mundo, na humanidade.

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Documentário “A Identidade de Nós Mesmos”

(título original: “Aufzeichnungen zu Kleidern und Städten” | título em inglês: “A Notebook on Clothes and Cities”)

Ano: 1989

Diretor: Wim Wenders

País: França (Paris) e Japão (Tóquio)

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