Fechamos a semana com a notícia mais esperada desde o encerramento da Copa 2014: o anúncio do novo técnico da seleção brasileira. Na terça-feira (22/07), José Maria Marin, presidente da CBF, declarou oficialmente, na coletiva realizada pela manhã no Rio de Janeiro, o retorno de Dunga à Seleção.

“Estou muito feliz de voltar à seleção. Vocês me conhecem. Dificilmente uma pessoa muda. Mas sei que tenho que melhorar muito, no contato com as pessoas, com vocês jornalistas. Na minha primeira passagem pela seleção brasileira foquei muito mais nos trabalhos dentro de campo, mas agora me preparei. Sobre o meu trabalho, os números estão aí. Agora, é normal também que eu tenha que aprimorar o meu relacionamento com a imprensa, trabalhei pra isso. Tive ótimas experiências na última Copa com ex-jogadores” – disse Dunga.

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O novo técnico é um velho conhecido nosso. Foi jogador da seleção, levantando a taça em 1994 como capitão do time; conquistou dois títulos como técnico do Brasil, o da Copa América, em 2007, e o da Copa das Confederações, em 2009. As decepções no cargo foram a eliminação para a Argentina na semifinal olímpica de 2008, em Pequim, levando medalha de bronze, e para a Holanda, nas quartas de final da Copa de 2010, na África do Sul. Seus números são: 60 jogos com 42 vitórias, 12 empates e 6 derrotas.

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 Dunga levantando a taça como capitão da seleção na Copa de 1994

 Em sua mais recente entrevista, admitiu precisar melhorar em alguns aspectos:

“Quero mudar a maneira das pessoas pensarem ao meu respeito. Neste período fora, pensei muito.”

Seu habitual impasse com a imprensa também foi comentado:

As conversas com a imprensa têm que ser para todos ouvirem. Teus colegas têm que saber teu pensamento. Tudo que for em prol da Seleção, que ajude, que não for vantagem individual, vou estar pronto para ouvir. Torno a repetir: tudo que for a favor, com intenção de ajudar a Seleção, estarei pronto para ouvir.”

“Estamos querendo sugestões no novo trabalho. A seleção precisa de privacidade em alguns momentos. Isso é legal, tem que se fazer. Eu não tive problema com a Globo, A, B ou C. Tive problema com várias pessoas. Sou gaúcho, combinado não sai caro. Algumas coisas não foram cumpridas naquela época. Não vou mudar minha essência, que é o comprometimento, a lealdade, a transparência. Mas as coisas precisam ser planejadas. Cada um vai ter o seu espaço. Ninguém vai proibir a imprensa de trabalhar. Mas o objetivo maior, a frente de todos nós, é a seleção brasileira. Eu participei dessa Copa como jornalista e todos elogiaram que a Alemanha caminhava na praia. Era combinado que o horário de entrevista seria depois do almoço. Então ninguém ia atrás dos jogadores. Temos que ver até onde vai o direito. Se tiver a compreensão de todos, vai ser ótimo.”

Dunga deu sua opinião sobre esta Copa, discorrendo sobre o time o time da vez, Alemanha:

O torcedor está machucado, mas vamos reconquistar ele através dos resultados, demonstrando que queremos fazer o melhor. (…) Não vou vender sonho, é uma realidade e que precisa de trabalho. Nada é definitivo, e precisamos conquistar a cada minuto. Há pessoas muito competentes. Não podemos achar que somos os melhores. Precisamos resgatar a capacidade. Mas não podemos não ter humildade de reconhecer que os outros trabalharam muitos anos para estar entre os melhores. Mas não podemos vender a ilusão de que as coisas são fáceis.”

Não podemos passar para os outros que temos os melhores jogadores. Quando tu não marcas o adversário, ele marca a bola. A camisa sempre será respeitada, mas é verdade que tanto nos respeitam que querem ganhar da gente. (…) É notícia no mundo todo ganhar do Brasil. Não adianta vender a ideia de que vamos ganhar a Copa antes de a competição começar (…) A gente viu o quanto é importante o talento, mas o planejamento, o trabalho dentro de campo para se sustentar o marketing.”

“A Alemanha sempre foi organizada. Sempre teve planejamento. Eu morei na Alemanha, sempre teve. Sempre deu importância para o esporte, na formação dos atletas, do ser humano. Planejamento, educação. Estão achando que a Alemanha fez isso agora, mas sempre foi assim. O que aconteceu foi que a Alemanha encontrou uma geração ótima de jogadores. Conseguiu encaixar as peças. Deu-se tempo para realizar o trabalho. Não obteve resultados de imediato, mas entendeu-se que o trabalho era bom e deu-se continuidade. E aí a Alemanha foi a grande vencedora da Copa com amplo merecimento. Com um “futebol total” em todos os setores do campo, futebol moderno. Goleiro líbero, estilo futsal… Encontraram um goleiro apto a realizar”.

Nesta nova fase de reestruturação do futebol e orgulho brasileiro, o novo técnico terá várias competições oficiais durante o ciclo até a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Serão duas Copas América, — em 2015, no Chile, e em 2016, uma edição especial nos Estados Unidos — as eliminatórias da Copa, entre 2015 e 2017, e possivelmente a Copa das Confederações — na Rússia, caso o Brasil vença a Copa América de 2015.

Assim, esperamos os próximos jogos, as próximas entrevistas e, claro, os possíveis novos títulos.